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Eficácia entre intervenções Psicoterápicas Breves e intervenções de média duração, junto a crianças em risco, nos bairros sócio – economicamente desfavorecidos de São Vicente, Cabo Verde

outros recursos de raciocínio que não os previstos no panejamento ou no material didáctico (Cortez, 2005).

Essa situação aponta para o fato de que, a escola não dispõe de procedimentos para avaliação do repertório individual de solução de problemas e não aproveita os eventuais recursos ou habilidades que a criança apresenta. Alerta-se ainda que essa situação, para crianças com transtornos de aprendizagem como TDAH (Transtorno de déficit de atenção e hiperatividade), síndromes neurológicas variadas, depressão, fobia escolar, ansiedade de separação, se torna ainda mais grave, pois, além de serem sistematicamente punidas por não chegarem ao resultado esperado, deixam de ser reforçadas por habilidades produtivas que possam exibir. Hübner e Marinotti (2000) dizem que as consequências prejudiciais desse processo ocorrem em duas esferas: do ponto de vista motivacional, a criança vai se tornando progressivamente desinteressada e descrente de sua capacidade de aprender; e cognitivamente, habilidades que poderiam ser utilizadas de forma produtiva vão sendo extintas.

É de grande importância, segundo Cortez (2005), reconhecer que quadros infantis correlatos à problemas emocionais, fazem com que as crianças fiquem tão envolvidas por seu sofrimento emocional que não conseguem se ater às atividades pedagógicas, isso, quando não deixam de frequentar a escola (Hübner & Marinotti, 2000). A problemática envolvendo depressão infantil e contexto escolar é tão grave e importante que alguns estudiosos vêm se debruçando sobre o tema com especial cuidado e atenção Cortez (2005). Pesquisas têm sido implementadas no intuito de se verificar a abrangência desse problema e, com isso, buscar formas interventivas e preventivas.

Andriola e Cavalcante (1999), em uma pesquisa que objectivou avaliar a depressão em alunos da pré-escola, verificaram que 3,9% das crianças em idade escolar têm sintomas indicativos de prevalência à depressão, o que está na mesma faixa percentual encontrada pelos estudos da American Academy of Child and Adolescent Psychiatry (1996, como citado em Andriola & Cavalcante, 1999), que giram em torno dos 5,0% e de Barbosa e Gaião, (1996), cujos valores encontram-se entre 3,0% e 6,0% (Cortez, 2005). Outra pesquisa como a efectivada por Dias (1996, como citado em Andriola & Cavalcante, 1999) relacionada a sintomatologia da depressão em ambiente escolar, conclui que é significativo o número de sujeitos que apresentam sintomas ligados à depressão infantil e aponta para a necessidade de se traçar um perfil epidemiológico da depressão, dada a alta frequência de ocorrência desse fenómeno na população infantil pesquisada (Cortez, 2005).

Gouveia, Barbosa, Almeida e Gaião (1995), utilizaram, em seus estudos, como instrumento de avaliação da depressão em escolares o Children Depression Inventory (CDI) e chegaram a conclusão de que variáveis como tipo de escola e escolaridade, bem como, sexo e idade, não influenciaram, significativamente, os escores dos respondentes, entretanto, ressaltam que a escola é um local bastante favorável à realização de estudos epidemiológicos em crianças, visto que o comportamento depressivo na infância ocorrerá, provavelmente, no contexto educacional e concordam com Barbosa e Lucena (1995), que apontam o baixo rendimento escolar como um dos primeiros sinais do surgimento de um possível quadro depressivo [Cortez, 2005]

Tornou-se assim relevante para nós a avaliação da sintomatologia depressiva em crianças dos 8 a 14 anos das escolas do Mindelo em Cabo Verde.

Avaliação da Depressão Infantil – Children Depression Inventory (CDI)

O CDI apareceu primitivamente nos Estados Unidos, compreendendo uma adaptação do BDI (Inventário de Depressão de Beck). Foi preparado por Kovacs (1983), e propõe avaliar sintomas depressivos em jovens de 7 a 17 anos, por meio de auto-administração ou por respostas de informadores (pais, docentes ou amigos). A presunção da escala é de que a depressão infantil pode ser relatada pelos sintomas semelhantes da depressão do adulto: tristeza ou comportamento depressivo, sentimento de culpa, anedonia, baixa auto-estima, problemas de sono e apetite, fadiga excessiva, deficit psicomotor, comportamento anti-social e ideação suicida. Muitos estudos levados a cabo na América do Norte e na Europa pesquisaram as características psicométricas da escala e certificaram a sua fidedignidade e validade (Frigerio, 2001).

Metodologia

Participantes

Foram avaliados 40 sujeitos (21 meninos e 19 meninas) do ensino Básico de duas escolas da Zona do Mindelo, na Ilha de São Vicente em Cabo Verde. Assim, sendo, a distribuição de género era de 50% para cada categoria. A idade média da amostra variou de 8 anos idade o sexo masculino (desvio padrão ,154) e de 7,89 anos de idade para o sexo feminino (desvio padrão ,151), não se verificando qualquer diferença estatisticamente significativa.

Intervenção psicoterapêutica

Das 40 crianças que se disponibilizaram, 20 delas foram intervencionadas com um modelo de psicoterapia breve cognitivo comportamental de 5 sessões. Tal intervenção decorreu de 15 em 15 dias num total de dois meses.

As restantes 20 crianças foram sujeitos a um plano de intervenção cognitivo comportamental de 20 sessões, num total de 4 meses de intervenção.

Foram considerados dois momentos de avaliação, pré e pós intervenção, e os resultados avaliados posteriormente de forma individual e comparativa, intra e inter grupos.

As crianças atendiam às consultas numa sala ou gabinete disponibilizada pela escola (dentro do recinto escolar).

Instrumentos

Inventário de Depressão Infantil