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Eficácia entre intervenções Psicoterápicas Breves e intervenções de média duração, junto a crianças em risco, nos bairros sócio – economicamente desfavorecidos de São Vicente, Cabo Verde

(CDI):

Utilizou-se a forma de Gouveia e cols., (1995), do Inventário de Depressão Infantil (CDI) elaborado por Kovács (1983), derivante, por sua vez, de uma adaptação do BDI (Inventário de Depressão de Beck). Nesta versão, o CDI é composto por 20 itens de auto administração, apresentando cada um três opções de respostas, das quais a criança ou o adolescente escolhe a que melhor traça seus sentimentos nas duas últimas semanas, o que poderá ser um indicador dos seus níveis de sintomatologia depressiva. (Coutinho, Carolino e Medeiros, 2008)

Cada resposta do instrumento possui um valor correspondente que varia de 0 a 02 pontos (a=0, b=1, c=2), sendo o somatório total dos valores das respostas o escore a ser considerado. Das três opções uma refere-se à normalidade, outra à severidade dos sintomas e a outra, à enfermidade clínica mais significativa. (Coutinho, Carolino e Medeiros, 2008)

Dos vinte itens que compõem o CDI, sete englobam reacções afectivas (sentimentos de tristeza, medo, não gostar de si mesmo, vontade de chorar, sentir-se feio, solidão, e sentimentos de não ser amado – itens 01, 06, 07, 10, 13, 16, e 19); seis itens reflectem aspectos cognitivos (pessimismo, avaliação negativa das próprias habilidades, ideação suicida, culpa, preocupação, e competência – itens 02, 03, 08, 09, 11 e 18); cinco dizem respeito a questões comportamentais (lazer, comportamentos hostis, isolamento, interacção escolar, e obediência – itens 04, 05, 12, 17 e 20); e os dois últimos aos sintomas somáticos (dificuldades em dormir e perda de energia – itens 14 e 15). (Coutinho, Carolino e Medeiros, 2008)

A escala tem sido utilizada enquanto instrumento de screening na identificação de crianças e adolescentes com alterações afectivas, alterações de humor, capacidade hedónica, funções vegetativas, auto-avaliação e outras condutas interpessoais. Como evidenciado, anteriormente, essa medida vem apresentando bons parâmetros psicométricos, nessa versão adaptada e normalizada por Gouveia e Cols (1995), o instrumento apresentou um índice de consistência interna (Alfa de Cronbach) de 0,81. (Coutinho, Carolino e Medeiros, 2008).

Para cotação do CDI utilizámos não apenas a nota bruta, mas considerámos a nota total de 19 como ponto de corte para indicação de patrologia depressiva (na mesma linha de Coutinho, Carolino e Medeiros, 2008; Pereira, Matos & Azevedo, 2015).

Questões Sociodemográficas

Obteve-se informação relacionada com o género, idade, escolaridade, identificação de parentalidade familiar (monoparentalidade ou biparentalidade) e falecimento de progenitores, com a finalidade de traçar o perfil da amostra.

Procedimentos

Para a recolha de dados, foram obtidas autorizações das direcções das escolas, através de um documento formal, como também, foi solicitado aos pais dos alunos a autorização através de um Termo de Consentimento Informado, permitindo a participação de seus filhos menores de idade. Assim, após a confirmação das instituições e autorização dos pais, foram calendarizadas visitas às escolas para a administração do CDI, por técnicos previamente preparados para tal.

A aplicação ocorreu de forma individual em contexto de consultório, tendo os participantes que seguir as instruções facultadas por escrito e verbalmente. O tempo de aplicação foi de, aproximadamente, 37 minutos por cada criança.

Análises de dados

Foi utilizado o pacote estatístico Statistical Package for the Social Sciences – SPSS (versão 22,0) para realizar as análises dos dados. Utilizaram-se estatísticas descritivas (medidas de tendência central e dispersão, distribuição de frequência), principalmente, para caracterização da amostra estudada (de acordo com procedimentos de Coutinho, Carolino e Medeiros, 2008).

Resultados

A análise do quadro I permite observar que forma avaliados 21 sujeitos do sexo masculino e 19 do sexo feminino. A idade média da amostra variou de 8 anos idade o sexo masculino (desvio padrão ,154) e de 7,89 anos de idade para o sexo feminino (desvio padrão ,151), não se verificando qualquer diferença estatisticamente significativa.

Quadro I – Distribuição por género e média etária

No quadro II podemos verificar que quando cruzamos as variáveis Classe Social (Abaixo do Limiar de Pobreza / Acima do Limiar de Pobreza) com os valores brutos do CDI, temos que em 40 crianças, 27 das mesmas (67,5% da amostra) se encontram abaixo do limiar de pobreza, sendo a média dos resultados brutos do CDI de 18,56 com um desvio padrão de 8,541. Do total de crianças, 13 (32,5% da amostra) encontram-se acima do limiar de pobreza e os seus resultados bruto no CDI são de uma média de 16,77, com um desvio padrão de 7,960, não sendo estas diferenças estatisticamente significativas.

Quadro II: Resultado no momento 1 do CDI em função da classe social

A análise do quadro III permite verificar que no que toca a fazer parte de uma família monoparental ou biparental, 24 crianças (60%) enquadram-se em famílias monoparentais, em comparação com 16 crianças (40%) de famílias biparentais. Os seus resultados brutos no CDI são de uma média de 16,38 (ausência de sintomatologia depressiva), com um desvio padrão de 7,186, e as crianças de famílias biparentais com uma média no CDI de 20,38 (presença de sintomatologia depressiva) com desvio padrão de 9,465, não sendo estas diferenças estatisticamente significativas.

Quadro III: Resultado no momento 1 do CDI em função da parentalidade