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A inadequação de macro e micronutrientes da dieta de pacientes no pós-operatório submetidos às cirurgias plásticas

and increase the complications such as surgical infection.

Key-words: ingestion of energy and nutrients; plastic surgery post-operative period.

ARTIGO

A INADEQUAÇÃO DE MACRO E MICRONUTRIENTES DA DIETA DE PACIENTES NO PÓS-OPERATÓRIO, SUBMETIDOS ÀS CIRURGIAS PLÁSTICAS EM UMA CLÍNICA PRIVADA NA CIDADE DE RIBEIRÃO PRETO – SP.

INTRODUÇÃO

A busca pelo “corpo perfeito” e pela “imagem ideal” invade progressivamente todos os espaços da vida moderna [1]. Os padrões sociais correntes para a beleza feminina valorizam a magreza de modo tão intenso, que é praticamente impossível, para a maioria das mulheres, alcançá-la por meios saudáveis, contribuindo para os altos níveis de insatisfação corporal e de distúrbios alimentares nas mulheres da atualidade [2]. Dietas, exercícios físicos, cirurgias plásticas estéticas, entre outras, são alguns dos diferentes métodos utilizados para alcançar suas metas em relação aos parâmetros de beleza da sociedade [3].

A cirurgia plástica para fins meramente estéticos, durante muitos anos, foi considerada uma imoralidade pelos próprios cirurgiões plásticos, sem espaço para divulgação, antes da década de 1950, para uma especialidade reconhecida, regulamentada e cada vez mais procurada especialmente, a partir do século XIX [1], com o objetivo principal de melhorar a aparência do paciente e sua auto-estima [4].

Segundo Sizer e Whitney [5], a adoção da saúde como o ideal, em vez de alguma imagem mal concebida de beleza, poderia evitar muita infelicidade. Estudos têm mostrado que nem sempre a busca por cirurgia na melhora e manutenção de um corpo bonito e saudável, é o suficiente, pois o sucesso da cirurgia começa com a correta alimentação. Recorrer a estratégias como alimentação equilibrada e exercício físico, ou seja, um estilo de vida saudável é fundamental para que todo o esforço de uma cirurgia possa valer à pena [6].

Assim, quando uma pessoa decide realizar um procedimento cirúrgico estético torna-se apropriado avaliarmos os hábitos nutricionais desse paciente, assim como seu estado nutricional (doenças e histórias de perda ponderal, estabelecer o diagnóstico de caquexia, desnutrição protéico-calórica ou deficiências nutritivas específicas) mediante exames bioquímicos, como hemograma completo, albumina, pré-albumina e transferrina, linfócitos totais, ferro e ferritina [3], pois um paciente bem nutrido normalmente tolera uma cirurgia melhor que um paciente desnutrido, uma vez que a desnutrição está associada à alta incidência de complicações operatórias e morte [7].

Segundo Andretti [6], desnutrição após a cirurgia resulta de múltiplos fatores, incluindo a ingestão de uma alimentação pobre, a qual perturba o equilíbrio metabólico do paciente. As alterações metabólicas que acompanham qualquer estado de trauma ou estresse, ou seja, cirurgias, queimaduras extensas, iniciam um estado de estresse fisiológico no corpo causando várias alterações neuro-hormonais que, por sua vez causam muitos efeitos metabólicos tais como, pressão sanguínea mais baixa, débito cardíaco diminuído, hipotermia, diminuição do consumo de oxigênio nos estágios iniciais, tendo como conseqüência um estado de hipermetabolismo e hipercatabolismo. O objetivo deste estado é facilitar a cicatrização e preservar a integridade do sistema nervoso. Entretanto, o estado hipermetabólico necessita uma ingestão aumentada de energia, bem como outros nutrientes. Neste momento, estratégia de intervenção nutricional adequada, após uma adequada avaliação nutricional, pode evitar uma posterior degeneração tecidual e otimizar o processo de cicatrização [8].

Por outro lado, em muitos pacientes submetidos à operação, a ingestão de nutrientes é inadequada por um período (um a cinco dias) após a operação. Se a ingestão for menor que o gasto, ocorrem oxidação da gordura corpórea armazenada e dispêndio na massa corporal magra com perda resultante de peso. Quando a perda de peso ultrapassar 15% do peso, as complicações da subnutrição interagem com o processo do estresse, prejudicando a capacidade do corpo de responder adequadamente ao traumatismo e de aumentar as complicações tais como infecção [9].

A oferta energética no paciente operado visa a diminuir a degradação do músculo esquelético e dos depósitos lipídicos, impedindo a desnutrição [10]. A glicose é a principal fonte de combustível utilizado pelas células para gerar energia sob a forma de adenosina trifosfato, que, por sua vez, potencializa a cicatrização de feridas. Ferimentos necessitam de energia principalmente para a síntese de colágeno. Estudos realizados observaram que a ingestão de glicose 2 a 3 horas antes da cirurgia, aumenta em 80% o glicogênio hepático e a secreção de insulina, além de efeitos positivos sobre o metabolismo protéico, diminuindo a resposta ao catabolismo no pós-operatório [6, 11].

O consumo de proteínas é de extrema importância para manter um balanço nitrogenado positivo, melhorando a cicatrização e diminuindo riscos à infecção [10]. A deficiência de ácidos graxos livres atrapalha a cicatrização principalmente porque são os principais constituintes de membranas celulares, enquanto as prostaglandinas desempenham papéis críticos no metabolismo celular e inflamatório [6].

Com relação aos micronutrientes, vitaminas e minerais, os mais envolvidos no processo de cicatrização de feridas são o ácido ascórbico (vitamina C), o ferro e o zinco [12].

A deficiência de vitamina C além de causar dificuldade de cicatrização, tem sido associada a infecções da ferida operatória [6], pois é essencial para a hidroxilação dos resíduos dos aminoácidos de prolina e lisina, para a formação da hidroxiprolina e consequentemente do colágeno. Portanto, tem um papel essencial no tecido conjuntivo, cartilagem e tecido ósseo [13].

O ferro, além de essencial para o metabolismo orgânico e transporte de oxigênio, na formação de antioxidantes, na síntese de DNA, é também uma das substâncias necessárias para ótima função do sistema imune, produção de energia, na síntese de colágeno e elastina [13]. Deste modo, em deficiências graves, como anemia, pode afetar a capacidade de cicatrização de feridas.

O zinco é vital para o metabolismo, participando de mais de 300 enzimas, sendo importante para a integridade do sistema imunológico, antioxidante, facilita a cicatrização, especialmente em queimaduras, cirurgias e outras cicatrizes, controla a liberação da vitamina A estocada no fígado, atua na divisão celular, entre outras funções [14, 13]. Portanto, na deficiência de zinco, a proliferação de fibroblastos e a síntese de colágeno estão diminuídas, levando à diminuição da cicatrização e insuficiente epitelização; a imunidade celular e humoral também é diminuída resultando no aumento da suscetibilidade a infecções da ferida operatória e maiores problemas de cicatrização [6].

Para a maioria dos indivíduos sadios, o balanço entre a ingestão e as necessidades de nutrientes e de energia disponíveis nos alimentos que satisfaçam suas necessidades fisiológicas normais e previna sintomas de deficiência