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Intervenção Neuropsicológica e Tumor Cerebral

Intervenção Neuropsicológica e Tumor Cerebral

1) Andreia Pereira, Mestrado em Psicologia Clínica e da Saúde, Universidade da Beira Interior, Portugal.

2) Luis Alberto C.R. Maia

Professor – Beira Interior University Portugal

Clinical Neuropsychologist, PhD (USAL – Spain) Neuroscientist, MsC (Medicine School of Lisbon – Portugal) Medico Legal Specialist (Medicine Institute Abel Salazar – Oporto, Portugal) Graduation in Clinical Neuropsychology (USAL – Spain) Graduation in Investigative Proficiency on Psychobiology (USAL – Spain) Clinical Psychologist (Minho University – Portugal)

Resumo: Este texto tem como objectivo explorar o tumor cerebral, como um dos tipos de doença oncológica com consequências mais gravosas para o indivíduo. Assim, são explicitadas vários aspectos referentes ao processo de formação da massa tumoral, várias tipologias do tumor cerebral, sintomatologia clínica, metodologias e exames de avaliação e diagnóstico da neoplasia. A intervenção nesta área é o principal foco do trabalho, onde se abordam os vários tipos de tratamento médico e as várias áreas de atuação neuropsicológica, quer na reabilitação de funções cerebrais, quer na intervenção psicopatológica adjacente.

Palavras-chave: tumor Cerebral, Intervenção Neuropsicológica, Neuro-oncologia.

Abstract: The present work aims exploring the brain tumor, as one of the types of cancer disease with serious consequences for the individual. Therefore various aspects about the process of formation the tumor mass are explicited, such as: several types of brain tumor, clinical symptoms, methods and tests for the evaluation and diagnosis of cancer. The intervention in this area is the principal subject of this work, where they approach and discuss the various types of medical treatment and the various areas of neuropsychological performance in the rehabilitation of brain functions or in the adjacent psychopathological intervention.

Keywords: Brain Tumor, Neuropsychological Intervention, Neuro-Oncology.

Introdução

A neoplasia cerebral ou tumor cerebral é um dos tipos de tumor menos prevalente, sendo também considerado como um dos mais preocupantes. As neoplasias cerebrais podem ser definidas como proliferações celulares anormais onde as células em mitose perdem a capacidade de se diferenciar devido a mudanças nos genes que regulam o crescimento e a diferenciação celular (Cassidy, Bisset & Spence, 2002). Podem ser primárias, quando são originárias do tecido cerebral, ou secundárias, quando são originárias de metásteses de tumores de outra parte do corpo que acabam por se instalar no cérebro (Linsay & Bone, 2010 cit in Domingues & Calado, 2014).

Relativamente à sua etiologia, ainda que não existam muitas conclusões acerca do mesmo, sabe-se que factores genéticos podem estar na influência da formação do tumor cerebral, sendo que histórico familiar direto de neoplasias constitui um fator de risco (Cassidy et al., 2002; Bunyaratavej, Siwanuwatn, Chantra & Khaoroptham, 2010).

Os tumores cerebrais podem também dividir-se em benignos ou malignos, classificação atribuída tendo em conta a rapidez com se desenvolve a massa tumoral e da agressividade da mesma (Cassidy et al., 2002; Alarcón & Martin, 2011). Mesmo os tumores benignos, por afetarem o tecido cerebral, podem interferir em várias funções cerebrais essenciais para a vida diária, levando à formação de défices funcionais bastante perturbadores para os doentes e as famílias, visto que tendem a manifestar-se inclusivé na estrutura da personalidade (Louis et al., 2007).

Para além dos temores benignos ou malignos, existem ainda vários tipos de tumores cerebrais, sendo que na maioria dos casos o tumor é nomeado pelo tipo de célula de origem, de acordo com a sua localização. Os tumores cerebrais primários subdividem-se em tumores da glia e tumores não-gliais (Flowers, 2000; Louis et al., 2007).

Os tumores da glia, como o nome indica revelam a influência das células da glia, que têm um papel de suporte, protecção e nutrição dos neurónios. Um tumor que envolve este tipo de células é por norma denominado de glioma (Furnari et al., 2007; Ferro & Pimentel, 2006; Brainer-Lima, Brainer-Lima, Filho & Cukiert, 2002) e ainda que seja mais prevalente em adultos, estima-se que 20% das condições malignas estejam já presentes desde os 15 anos de idade (Linsay & Bone, 2010 cit in Domingues & Calado, 2014). Os gliomas encontram-se também dividos em subgrupos, dependendo da localização das células gliais, como o astrocitoma, os oligodendrogliomas (Furnari et al., 2007; Ferro & Pimentel, 2006) e os astroblastomas (Agarwal, Mally, Palande & Velho, 2012; Brainer-Lima et al., 2002).

O astrocitoma desenvolve-se dos astrócitos que servem de suporte aos neurónios, sendo o tipo de tumor cerebral mais comum e podendo classificar-se do grau I (com crescimento lento) até ao grau IV (invasivo e com crescimento rápido), grau mais comum nos tumores cerebrais primários (Furnari et al., 2007; Louis et al., 2007). Os oligodendrogliomas desenvolvem-se a partir dos oligodendrócitos e são classificados como de menor ou maior grau. Os astroblastomas são tumores gliais raros de origem incerta e comportamento imprevisível (Bell et al., 2007 cit in Domingues & Calado, 2014; Agarwal, Mally, Palande & Velho, 2012; Brainer-Lima et al., 2002).

Relativamente aos tumores não-gliais, que englobam uma vasta gama de tumores cerebrais, são assim denominados por conjugarem uma mistura de outras tipologias celulares diferentes das anteriores. Um dos tumores não-gliais é o meningioma, que cresce a partir das meninges, podendo ser classificado do grau I ao grau III, do benigno ao maligno (Louis et al., 2007).

Relativamente à sintomatologia, podem classificar-se os sintomas como: visuais – diminuição da acuidade visual, visão desfocada, diminuição do campo visual; hormonais – alterações da líbido; motores – enfraquecimento do nível de força muscular das extremidades; aumento da pressão intracranina – tonturas, ataxia, vertigens; e convulsões (Flowers, 2000; Bunyaratavej et al., 2010; Louis et al., 2007).

Apesar do cancro ser uma doença bastante conhecida, no caso das neoplasiais cerebrais o diagnóstico é geralmente feito tardiamente, existindo algum tempo de intervalo entre o início dos sintomas e o momento em que o diagnóstico é feito (Liu, Page, Solheim, Fox & Chang, 2009). Os sintomas tendem então a ser ignorados em primeira instância, sendo que por norma só numa fase aguda os