Inicio > Psicología > O espelho por trás da dança movimento terapia > Página 3

O espelho por trás da dança movimento terapia

“Movimento Autêntico” define este conceito como sendo o movimento de uma pessoa (= “the mover”: e.g., cliente) na presença de outra (= “the witness”: e.g., terapeuta). Assume-se que este incentiva a expressão criativa da vida interior, oferecendo assim uma ponte entre o consciente e o inconsciente, explorando a relação da pessoa consigo própria e com os outros.

Por fim, a “Dança Terapia Integrativa” apresenta como principais componentes o conceito de corpo vivido, composições de dança e improvisação de dança. De salientar que todas as abordagens consideram que os processos de transferência e contratransferência não-verbais estão presentes.

Em 1966, foi fundada por Marian Chace a associação americana de DMT (ADTA). Esta descreve a DMT enquanto uma prática psicoterapêutica que emprega o movimento como um modo de fomentar a integração física e emocional de uma pessoa (Ritter & Graff, 1996; Rodríguez, 2011; Vieira, 2008). Posteriormente a esta definição, a DMT passa a ser considerada como um meio terapêutico, e hoje em dia é considerada uma profissão (Koch, Kunz, Lykou, & Cruz, 2014). Apesar disso, a DMT ainda tem um longo caminho a percorrer comparativamente com outras profissões da saúde mental, tendo ainda uma representação reduzida nas instituições (Wengrower, 2010).

RACIONAL TEÓRICO DA DMT

Em psicoterapia, a DMT integra o grupo das Artes Criativas simultaneamente com a arte-terapia, musicoterapia e drama-terapia. Esta centra-se na capacidade cinestésica (que abrange movimento do corpo, perceção consciente e equilíbrio) de autoexpressão e comunicação não-verbal. Deste modo, a DMT apresenta enquanto principal instrumento o corpo e o seu movimento, enquanto forma primordial de cura e autodescoberta (Federman, 2011; Rust-D’Eye, 2013).

Na opinião de Viegas (2008), a designação de DMT deve-se ao que cada palavra comporta individualmente: “Dança – uma outra dimensão para a atividade física ligando-a a um campo artístico, estético, criativo e sublimatório; Movimento – atividade espontânea ou voluntária e designa a motricidade no seu todo e Terapia – um enquadramento psicodinâmico e teórico a esta atividade” (p. 11). De salientar que inicialmente a DMT era designada por dança-terapia contudo, e apesar da ADTA manter essa designação, há vários anos que a palavra “movimento” foi inserida de modo a transmitir que a dança é uma sequência de movimentos. Nesta linha, são estes que qualificam o meio de comunicação que se desenvolverá ao longo das sessões de DMT em vez de uma coreografia inflexível como muitos idealizam (Rodríguez, 2009; Victoria, 2012).

Relativamente aos principais objetivos da DMT, nomeadamente para a Psiquiatria Institucional, Viegas (2008) considera particularmente a integração corporal, a conservação ou facilitação das relações interpessoais, bem como a possibilitação de um espaço seguro para a expressão emocional.

De modo a ser possível dar consecução aos objetivos supracitados, o terapeuta é então visto enquanto uma testemunha do movimento do cliente, que, sem o julgar, tenta entender o porquê daquele movimento e o movimento em si, bem como o que este significa para a pessoa que o está a efetuar. Posto isto, o terapeuta procura ainda desenvolver a sua habilidade para entender o que está a ocorrer no interior do outro (Rodríguez, 2011).

Além disso, no que diz respeito à metodologia da DMT, esta encontra-se ajustada às carências do quotidiano de cada um, tendo em conta tanto os seus valores como crenças, bem como as suas necessidades e feedbacks (Painado & Muzel, 2012). Desta forma, a aplicação psicoterapêutica do movimento, dentro de um processo de conexão entre movimento e emoção, procura a integração psicofísica (corpo-mente) do indivíduo, estando compreendida no que se designa por “psicoterapias corporais” (Federman, 2011; Painado & Muzel, 2012; Ritter & Graff, 1996; Rodríguez, 2009; Victoria, 2012).

De acordo com Painado e Muzel (2012), a pessoa que recorre à DMT “utiliza a dança para sair do isolamento e para aceitar as diferenças, resgatando a diversidade e a autenticidade num mundo marcado por estereótipos e padronização de estilos, formas e gestos”(p.4). Nesta linha, a aplicação da DMT destina-se a qualquer pessoa (independentemente da sua saúde física ou mental e faixa etária) que deseje melhorar a sua qualidade de vida ou que possua uma patologia específica (e.g., perturbações da ansiedade, perturbações de comportamento) (Fischman, 2001; Painado & Muzel, 2012).

Tendo por base o anteriormente referido, é então necessário ter em conta que a estrutura das sessões e a sua natureza (individuais ou em grupo), bem como a estipulação de objetivos, dinâmicas e materiais necessários, variam consoante as características das pessoas com as quais se irá trabalhar. Além disso, antes de se começar a trabalhar com determinado público-alvo é necessário realizar uma observação prévia, adquirir informação relevante sobre a sua história, bem como ter acesso a um diagnóstico o mais fiável possível. Neste sentido, é fulcral que exista uma boa relação com as famílias e os profissionais de saúde, para que possam ter e disponibilizar estas informações (Rodríguez, 2011).

De acordo com os terapeutas da DMT, o movimento corporal pode conduzir a alterações psicológicas que se traduzem numa melhoria da saúde da pessoa, bem como no seu desenvolvimento pessoal (Fischman, 2001; Painado & Muzel, 2012). Por conseguinte, a atenção e a sensibilidade para com as experiências e expressões do movimento são essenciais para o processo da DMT. Estas fazem parte de um longo caminho que a pessoa tem de percorrer para se conectar com o que realmente «é». Esta atenção consciente, intencional e sem julgamento é, para aqueles que se envolvem com a DMT, uma nova abordagem para si mesmos e para os que