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Eficácia entre intervenções Psicoterápicas Breves e intervenções de média duração, junto a crianças em risco, nos bairros sócio – economicamente desfavorecidos de São Vicente, Cabo Verde

Eficácia entre intervenções Psicoterápicas Breves e intervenções de média duração, junto a crianças em risco, nos bairros sócio – economicamente desfavorecidos de São Vicente, Cabo Verde

Neste artigo apresentam-se os resultados de 40 alunos de duas escolas da Zona do Mindelo em Cabo Verde, classificadas como moradores de bairros socioeconómicos desfavorecidos.

Metade da amostra (20 alunos) foram sujeitos a psicoterapia breve: 5 sessões de 15 em 15 dias, e a outra metade foi sujeita a terapia convencional (20 sessões).

Eficácia entre intervenções Psicoterápicas Breves e intervenções de média duração, junto a crianças em risco, nos bairros sócio – economicamente desfavorecidos de São Vicente, Cabo Verde

Luis Alberto Coelho Rebelo Maia,

Professor – Beira Interior University, Portugal

Clinical Neuropsychologist, PhD (USAL – Spain)

Neuroscientist, MsC (Medicine School of Lisbon – Portugal)

Medico Legal Specialist (Medicine Institute Abel Salazar – Oporto, Portugal)

Graduation in Clinical Neuropsychology (USAL – Spain)

Graduation in Investigative Proficiency on Psychobiology (USAL – Spain)

Clinical Psychologist (Minho University – Portugal)

Resumo

Embora não se verifique diferença significativa entre os dois tipos de intervenção face aos seus resultados em indicadores de sintomatologia depressiva, verificou-se uma redução estatisticamente significativa na sintomatologia depressiva global em toda a amostra.

Este artigo reforça assim a necessidade de implementação do acompanhamento psicológico frequente em crianças do ensino básico das escolas de Cabo Verde.

Introdução

A identificação diagnóstica da Depressão Infantil tem sido alvo de controvérsia, em grande parte por se considerar que, ao contrário dos adultos (que teriam já desenvolvido aspectos cognitivos que podem funcionar como complexificadores da vida mental), as crianças estariam ainda protegidas pela sua imaturidade cognitiva (na perspectiva das tríades cognitivas e erros disfuncionais de Beck e Ellis) (Fonseca, Ferreira, Rebelo, Simões, Pires e Gregório, 2002). Não apenas por isso, a Depressão tem sido apresentada como mascarada na infância, apresentando-se mais pela manifestação de sintomatologia psicossomática e alterações comportamentais (Ajuriaguerra, 1976; Lippi, 1986; Simões, 1999) e como tal, subdiagnosticada em comparação com os adultos.

Não obstante o referido, se considerarmos as classificações apresentada pelo DSM – 5 podemos verificar que a sintomatologia básica para o adulto e para a criança e adolescente é essencialmente a mesma, podendo fazer-se notar mais sintomas de alterações de comportamento, somatizações, alterações de apetite, concentração e dificuldades de ajustamento desenvolvimental na criança e no adolescente (American Psychiatric Association, 2013).

Para além dessa dificuldade intrínseca no que toca aos dados epidemiológicos da Depressão Infantil, tal agrava-se quando queremos perceber a sua realidade em países em desenvolvimento como o caso Particular de Cabo Verde (mais propriamente ilha de São Vicente – Mindelo) (Proença, 2009), onde escasseiam dados que nos permitam compreender tal realidade.

Procurámos assim fazer um levantamento exploratório das manifestações sintomatológicas depressivas em alunos do ensino básico de duas escolas da região do Mindelo, da Ilha de São Vicente, em Cabo Verde.

Levamos em consideração o que se tem referido como as preocupações no que toca á avaliação clínica da Depressão em contexto escolar.

Ao longo da história de Cabo Verde, a escola foi determinando exigências ao mesmo tempo em que foi se abrindo para um maior número de crianças, aumentando as taxas de escolarização, o que como consequência, implicou nas já conhecidas dificuldades de adaptação infantil (Fonseca, 1995). Fonseca (1995) faz referência ao uso abusivo pela escola, de métodos e correntes pedagógicas que vigoram como sendo um modismo de uma determinada época. Em decorrência disso, as escolas acabam por desconsiderar a espontaneidade, curiosidade e criatividade das crianças (Cortez, 2005). Fonseca (1995) salienta que quando os métodos se tornam ineficazes para a maioria, rapidamente são substituídos por outros métodos e com isso criam-se processos de selecção e segregação para outras crianças. Dessa forma, Fonseca (1995) diz que as crianças não podem continuar a ser vítimas de métodos, por mais populares que sejam.

É necessário ajustar as condições de aprendizagem da criança, através de estudos aprofundados de seu desenvolvimento biopsicossocial, às exigências de ensino inerentes ao professor e ao sistema educacional, bem como esse sistema valorizar a forma com que essas crianças aprendem no intuito de prevenir o aparecimento de problemas emocionais, como a depressão (Cortez, 2005). Se os problemas emocionais se manifestarem, a escola deve ter meios de intervenção eficazes e coerentes que priorizem a minimização ou a extinção desses problemas. De acordo com Hübner e Marinotti (2000), muitos dos problemas emocionais, dentre eles a depressão, são verificados em crianças em idade escolar. Esses problemas podem ser decorrentes, em parte, de contingências em sua história de vida e, em parte, de transtornos de aprendizagem. O agravamento dessa condição pode estar num ambiente escolar que não reconhece ou valoriza a legitimidade de