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O síndrome Wernicke-Korsakoff sobre o prisma da neuropsicologia

O síndrome Wernicke-Korsakoff sobre o prisma da neuropsicologia

Resumo

O presente artigo tem como objetivo abordar e descrever as diversas etapas do processo de avaliação neuropsicológica de um paciente com o síndrome Wernicke-Korsakoff. São ainda tecidas algumas considerações em torno do mesmo.

O síndrome Wernicke-Korsakoff sobre o prisma da neuropsicologia

Palavras-Chave: Neuropsicologia, Estudo de caso; Wernicke-Korsakoff.

El síndrome de Wernicke-Korsakoff sobre el prisma de la neuropsicología

Resumen

Este artículo tiene como objetivo abordar y describir las diferentes etapas de la evaluación neuropsicológica de un paciente con el síndrome de Wernicke-Korsakoff. Por último, algunas consideraciones se tejen más a su alrededor.

Palabras clave: Neuropsicología, el estudio, el síndrome de Wernicke-Korsakoff caso.

Mónica Sousa

Mestre em Psicologia pela Universidade de Coimbra. Neuropsicóloga.

Luis Maia

Professor – Beira Interior University; Clinical Neuropsychologist, PhD (USAL – Spain); Neuroscientist, MsC (Medicine School of Lisbon – Portugal); Medico Legal Specialist (Medicine Institute Abel Salazar – Oporto, Portugal); Graduation in Clinical Neuropsychology (USAL – Spain); Graduation in Investigative Proficiency on Psychobiology (USAL – Spain); Clinical Psychologist (Minho University – Portugal); Professional Card from Psychologist Portuguese norm, number 102. All correspondence about this article should be sent to

Introdução

A neuropsicologia, como área de estudo e de intervenção, é recente, todavia, o desenvolvimento da sua fundamentação científica é fruto de várias décadas de investigação (Maia, Leite, Correia, 2009). De acordo com Lezak, Howieson e Loring (2004), a neuropsicologia pode ser definida como o estudo da relação entre a função do cérebro humano e o comportamento. Céspedes e Tirapu-Ustarroz (2008) acrescentam que o neuropsicólogo deverá ser capaz de: (a) descrever as perturbações mentais em termos de funcionamento cognitivo; (b) definir os perfis clínicos que caracterizam diferentes tipos de perturbações que cursam com as alterações neuropsicológicas; (c) contribuir para a clarificação diagnóstica, sobretudo nos casos em que não se detetam alterações em provas de neuroimagem; (d) construir programas de reabilitação individualizados, a partir do conhecimento das limitações do sujeito, mas também das capacidades conservadas; (e) realizar avaliações médico-legais.

Para Andrade, Santos e Bueno (2004), na neuropsicologia inclui-se o estudo das alterações associadas ao uso de substâncias, tais como o álcool. Contribuindo, assim, para o esclarecimento de questões diagnósticas como para a definição de um processo reabilitativo que têm por objetivo a recuperação ou minimização dos défices neurocognitivos identificados.

A encefalopatia de Wernicke (EW) é uma desordem neuropsiquiátrica aguda causada pela deficiência da vitamina B1 (Tiamina), fortemente associada aos hábitos etílicos. Esta é classicamente descrita pela tríade de alterações do estado mental, oftamológicas e atáxicas. A EW pode evoluir para o síndrome de Korsakoff (SK), desordem também associada ao alcoolismo e à deficiência nutricional, que se caracteriza pelos défices mnésicos.

O síndrome Wernicke Korsakoff (WKS) é hoje considerado como o resultado da união do complexo de sintomas presentes na EW e na SK.

Mais de um século após as descrições iniciais, o WKS permanece interlaçado a um diagnóstico difícil. Num estudo conduzido por Harper (1983), com as autópsias descobriram que mais de 80% dos casos não foram diagnosticados em vida. Esta dificuldade reside no facto da sensibilidade da sintomatologia anteriormente ferida ser baixa. Caine, Halliday, Kril e Harper (1997) identificaram 97 alcoolicos em que a WKS foi diagnosticada pela primeira vez na autópsia. Noutro estudo com a mesma população alvo, apenas 15% apresentaram os três sinais clássicos, 29% dois sinais, 37% um sinal e 19% nenhum sinal (Harper, Giles & Finaly-Jones, 1986). Nos mesmos estudos, as alterações mentais foram relatados em 82% dos casos, os sinais oculares em 29% dos pacientes e a ataxia foi identificada em 23% dos pacientes.

Outros dados que complexificam o diagnóstico relacionam-se com o facto dos exames laboratoriais disponíveis para a medição da tiamina não serem rápidos nem utlizados como exames de rotina para a WE (Isenberg-Grzeda, Kutner & Nicolson, 2012).

Face ao que foi referido, o exame clínico auxiliado pela tomografia computadorizada e ressonância magnética permitirão a efetuação de um diagnóstico com maior exatidão, uma vez que se encontra descrito na literatura que a WE implica lesões na porção medial do tálamo e mesencéfalo, dilatação do terceiro ventrículo e atrofia dos corpos mamilares (Charness & De la Paz, 1987; Lishman, 1990; Yokote, Miyagu, Kuzuhara,Yamanouchi & Yamada, 1991)

No presente artigo apresenta-se um caso clíncio de um paciente com o síndrome Wernicke-Korsakoff instituicionalizado num lar de idosos da região de Coimbra. Descreve-se o protocolo de avaliação neurospicológica e os dados dai extraídos, fundamentando o caso clínico apresentado de acordo com os postualdos teóricos da neuropsicologia.

Apresentação do caso clínico

Dados sociodemográficos: Sujeito do sexo masculino de nacionalidade portuguesa com 54 anos, solteiro, reformado por incapacidade.

Dados Clínicos Relevantes: Alcoolismo crónico. Anemia Macrolitica.

Medicação: Tiaprida 100mg, Folicil 5 mg, Oxazepam 15 mg, Fenabarbital 100mg e Pantaprazol 40mg.

Antecedentes Pessoais e História de Desenvolvimento

Apresenta muita dificuldade na efectuação da sua linha bibliográfica, particularmente em precisar as actividades laborais que teve, a duração dessas ou a idade que tinha durante o início ou término dessas actividades. Parece-se preencher as lacunas mnemónicas com confabulações, o que implica a criação de uma outra história de vida, não coincidente com a que é fornecida pela assistente social. Embora refira “Não me lembra” (sic), acaba por contar a sua história da