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Avaliação da ingestão protéica e do consumo de suplementos em praticantes de musculação

27% faziam uso de algum suplemento, destes 44% utilizavam repositores protéicos, semelhante aos resultados encontrados por PEREIRA; LAJOLO E HIRSCHBRUCH (2003) (13), no qual dos participantes que consumiam suplementos 38,9% eram à base de aminoácidos ou outros concentrados protéicos.

A fonte mais utilizada de prescrição e recomendação de suplementos foi a do grupo dos instrutores 60%. Contudo é importante notar que em alguns casos professores e instrutores, não recebem formação científica adequada para ter conhecimento suficiente sobre os efeitos dos mesmos. A grande procura por suplementos com objetivo de aumento de massa muscular reflete o desejo desta população de obter este resultado, pois foi o motivo mais citado para a prática de atividade física, onde 69,23% têm como finalidade a hipertrofia muscular

De acordo com a Sociedade Brasileira de Medicina no Esporte (SBME) (2003) (16), as recomendações de percentual de carboidratos são de 60 a 70% do valor calórico total, seguido de 10 a 15% de proteínas e de 25 a 30% de lipídios para atletas e indivíduos treinados. Com base na referencia acima, percentil de carboidratos para os dois grupos em estudo está abaixo do recomendado. O percentil de proteínas para os que utilizam suplementos está adequada, já os que não utilizam está um pouco acima do preconizado. Os lipídios estão de acordo com a recomendação para os dois grupos (tabela 2).

Tabela 2: Contribuição percentual de macronutrientes em relação à ingestão energética entre participantes que utilizam e os que não utilizam suplementos.

Variável – Não utilizam suplementos n=20 – Utilizam suplementos N=10

Carboidratos (%) – 51,3 ± 9,56 – 55,18 ± 4,99

Proteínas (%) – 20,07 ± 4,34 – 18,94 ± 3,00

Lipídios (%) – 28,16 ± 7,14 – 25,85 ± 6,01

Os valores estão expressos como média ± desvio padrão da média.

Tabela 3: Distribuição do percentual de ingestão protéica por g/Kg de peso/dia entre praticantes que consomem ou não suplementos nutricionais.

Variável – Não utilizam suplementos – Utilizam suplementos

< 0,8g/kg/dia – 6% – 0%

0,9 a 1,2g/kg/dia – 30% – 0%

1,3 a 1,8g/kg/dia – 25% – 60%

> 1,8g/kg/dia – 40% – 40%

Dos praticantes que não utilizam suplemento, 40% consomem mais de 1,8g/Kg/dia e dos que utilizam suplementos 60% consome de 1,3 a 1,8g/Kg/dia (tabela 3). A média de consumo de proteína dos praticantes que não utilizam suplementos é de 1,7g/Kg/dia e do grupo que utiliza suplementos 1,9g/Kg/dia ambos os grupos os valores estão elevados levando em consideração que o grupo em estudo são praticantes de musculação e não atletas. O grupo que utiliza suplementos a ingestão protéica está acima do limite preconizado. Em longo prazo uma dieta hiperprotéica pode causar efeitos colaterais, como a insuficiência renal, gota, desidratação e efeitos negativos no metabolismo hepático.

Não houve grande diferença de massa magra entre os dois grupos do presente estudo, onde os participantes que não utilizam suplementos a média foi de 61,65kg e os que utilizam 62,3kg.

Em estudo realizado por CYRINO; MAESTÁ; BURINI (2000) (6), a associação entre treinamento de força e suplementação protéica resultou em ganhos significantes de massa muscular (4,9% ou 2,84kg). Estes achados demonstram que a ingestão protéica entre 1,5 a 2,5g de proteína/Kg de peso/dia parece ser adequada para aumento de massa muscular em atletas de fisiculturismo. No entanto existem grandes controvérsias sobre esse assunto, visto que a quantidade de proteína utilizada, o tempo de aplicação da dieta, os protocolos de treinamento, o tempo de prática do indivíduo, além de outros fatores intrínsecos e extrínsecos, apresentam-se de maneiras bem distintas.

Tabela 4: Distribuição da ingestão de proteína por g/Kg/dia da dieta e dieta mais suplementos.

Participantes – Dieta – Dieta + Suplementos

1 – 1,43 – 1,73

2 – 2,37 – 2,71

3 – 1,65 – 1,89

4 – 3,05- 3,86

5 – 1,91 – 2,41

6 – 1,74 – 2,05

7 – 1,43 – 1,95

8 – 1,50 – 1,80

9 – 1,56 – 1,74

10 – 4,0 – 4,0

Média – 2,06 – 2,41

Desvio Padrão – 0,84 – 0,85

A média de ingestão protéica da dieta somada com o suplemento protéico foi de 2,23g/kg/dia, estando acima do limite máximo preconizado na literatura de 1,8g/kg/dia.

A ingestão média de 1,84 ultrapassa o limite máximo, não sendo necessária a suplementação.

CONCLUSÃO

Em princípio os indivíduos que foram avaliados apresentaram um comportamento alimentar inadequado em relação ao consumo de macronutrientes e energia. A ingestão de proteína por g/Kg/dia, foi alta quando comparada aos dados da literatura de recomendações para praticantes de exercício físico.

O grupo estudado não tem necessidade de utilização de suplementos protéicos, desde que mantenha o esquema alimentar adequado a sua idade, características físicas, tipo de atividade e outros fatores que interferem no seu metabolismo orgânico. Assim, os resultados dessa pesquisa sugerem que a utilização de suplementos alimentares está ligado ao paradigma uso versus melhora da performance, prescrita pelo professor, comparado em locais distintos e sendo o aminoácido o suplemento mais utilizado pelos alunos. O usuário ainda se encontra mal informado sobre a ingestão de dietas hiperprotéicas, o conteúdo dos suplementos e as consequências de sua ingestão. Isto decorre basicamente da indicação feita por pessoas não habilitadas, sem o respaldo técnico para conduta.

No entanto, os resultados reforçam a necessidade de maiores informações nutricionais para que os praticantes de exercício físico saibam aplicar de forma adequada os princípios da nutrição em suas dietas e conscientizando-os sobre o hábito de superestimar a necessidade de ingestão de proteína neste grupo de indivíduos. Por tanto, é fundamental o acompanhamento de um profissional da área de nutrição para orientar sobre as condutas