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A inadequação de macro e micronutrientes da dieta de pacientes no pós-operatório submetidos às cirurgias plásticas

ou excesso, podem ser afetados por muitos fatores, inclusive doenças, padrões culturais, comportamentos ou hábitos alimentares, estresse psicológico, fatores econômicos e absorção de nutrientes [12].

Deste modo, por um lado, o paciente deve estar consciente da importância do acompanhamento nutricional, o qual depende em grande parte, do diagnóstico primário, e do quadro metabólico nutricional subjacente [9], e por outro lado, é importante que todos os cirurgiões saibam que procedimentos cirúrgicos de grande porte como bariátrica e plástica necessitam de suplementação nutricional para prevenção de complicações pós-operatórias [1]. Assim, avaliar o consumo alimentar e a adequação da ingestão de nutrientes dos pacientes no pós-operatório de cirurgias plásticas é o objetivo deste estudo, visto que, preparar o organismo com estoques de nutrientes, é muito importante para que o pós-operatório ocorra de forma adequada e para que as complicações sejam minimizadas.

MÉTODOS

O presente estudo primeiramente foi submetido à autorização dos responsáveis pelo Comitê de Ética em Pesquisa do Instituto de Pesquisa, Ensino e Gestão em Saúde (IPGS), da Faculdade Monteiro Lobato de Porto Alegre – RS. A seguir teve a aprovação do médico responsável pela clínica privada de Cirurgia Plástica, serviço de referência na seleção das participantes do presente estudo, onde vários procedimentos estéticos são realizados e em cujo quadro de profissionais, conta com a atuação do nutricionista.

Não houve critério de exclusão com relação ao tipo de procedimento cirúrgico estético, faixa etária, estado civil, número de filhos. Como frequentemente acontece em estudos clínicos, já era esperada alguma resistência dos pacientes da clínica para aceitarem a participação na pesquisa. Desta forma, foi decidido que seria considerado recusa à participação no estudo, a direta negativa diante do convite para o trabalho. Aos participantes que aceitaram o convite foi dado o termo de consentimento livre e esclarecido (TCLE) à participação na pesquisa, formalizando sua autorização em documento escrito, sendo-lhes assegurado o sigilo sobre as informações individuais.

Desta forma, a amostra constituiu-se de 26 pacientes do sexo feminino, escolhidas aleatoriamente e que se encontrava em pós-operatório de cirurgia plástica estética e reparadora, da referida clínica. O motivo pelo qual a totalidade da amostra ser do sexo feminino deve-se ao fato da clientela da clínica ser constituída de 75% mulheres e o restante de homens.

Para classificar o estado nutricional dos pacientes em estudo, foi utilizado o Índice de Massa Corporal (IMC), segundo critérios da Organização Mundial de Saúde (OMS) [15], que define os seguintes pontos de corte: eutrófico – IMC de 18,5 a 24,9; desnutrição grau I – IMC de 17,0 a 18,49; desnutrição grau II – IMC de 16,0 a 16,99; desnutrição grau III – IMC <16,0; obesidade grau I – IMC de 25,00 a 29,00; obesidade grau II – IMC de 30,00 a 39,99 e obesidade grau III – IMC > ou = 40. Para obtenção do peso e altura foi utilizado balança Welmy com capacidade para 150 kg e com haste vertical de 2 metros.

Posteriormente, foi realizado o inquérito do dia alimentar habitual, utilizando como método o Recordatório 24 h (R24h), em que as pacientes relataram os horários em que se alimentavam, o consumo e as quantidades de alimentos que normalmente ingerem. Em seguida, foi calculado o Valor Energético Total (VET) e de macro e micronutrientes da dieta ingerida, através do softwer de Avaliação Nutricional Dietpro 5i, com a finalidade de avaliar deficiências ou excessos de consumo alimentar de acordo com as recomendações nutricionais da National Research Council, denominadas Recommended Dietary Allowances (RDA). Não houve conduta dietoterápica, somente avaliação da dieta insuficiente e/ou inadequada no período pós-operatório para reduzir o número de complicações pós-operatórias.

A seguir os dados foram processados pelo programa estatístico – PESQ desenvolvido pela empresa de Assessoria em Pesquisas de Mercado – Engracia Garcia. Foi utilizada estatística descritiva para cálculo da média e desvio padrão (DP).

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Das 26 pacientes estudadas, a idade média foi de 36 anos, sendo 30,76% com idade entre 20 e 30 anos; 38,46% idade entre 31 e 40 anos; 30,76% idade entre 41 e 50 anos. Quanto ao estado civil, 53,85% casados, 30,77% solteiros, 11,54% separados, 3,85% divorciado. Com relação ao número de filhos, a média foi de dois filhos entre os casados e solteiros.

As cirurgias plásticas realizadas foram Mamoplastia 28,84%, seguida de Dermolipectomia de Abdômen 23,13%, Lipoaspiração 17,30%, Dermolipectomia no Pós-Operatório de Cirurgia Bariátrica 9,61%, Mastopexia, Rinoplastia, Dermolipectomia de Coxa e Hidrolipo somam 17,28% de procedimentos realizados.

Esses dados confirmam a porcentagem de cirurgias plásticas realizadas no Brasil, onde, segundo dados da Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica – SBCP, 2009 [16], as cirurgias estéticas mais realizadas foram: lipoaspiração (20%), Abdominoplastia ou Dermolipectomia de Abdômen (15%), Mamoplastia de mama – Prótese de mama (21%), Mamoplastia Redutora (21%), Pálpebras (9%) e Rinoplastia (7%). O Brasil é um país onde vários fatores são determinantes na busca pela cirurgia plástica, tais como o clima tropical, levando à maior exposição física, as características sócio-culturais locais de espontaneidade e abertura, favorecendo-a; o culto à beleza física que é uma natural conseqüência; a diversidade étnica que originou a população brasileira produzindo os mais variados tipos físicos com as mais diversas alterações da forma corporal e o espírito criativo e artístico do brasileiro [17].

Alguns estudos sugerem que indivíduos que buscam cirurgias plásticas apresentam elevada prevalência de psicopatologia, ou seja, evidencia-se uma estreita correlação entre auto-estima, peso e preocupações com a aparência, com hábitos e transtornos alimentares [18], demonstrando que, mesmo pessoas com massa corporal adequada, a prevalência de insatisfação é bastante alta, ou seja, a relação entre estado nutricional e insatisfação com a imagem corporal permanece não resolvida [19]. Em relação ao estado nutricional a explicação mais utilizada é que parece existir uma preocupação exagerada com a estética corporal, ou seja, com os padrões de beleza que geralmente não correspondem aos padrões tidos como mais adequados para a saúde.Os parâmetros analisados das pacientes em estudo foram: altura (m), peso (kg), índice de massa corpórea (kg/m²). De acordo com os dados obtidos, o estado nutricional destas pacientes era 61.54% eutróficas, 27% obesidade grau I e 11,54% obesidade grau II. Observa-se, portanto, que entre os dados antropométricos, o IMC médio estava dentro da faixa de normalidade (tabela I).