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A inadequação de macro e micronutrientes da dieta de pacientes no pós-operatório submetidos às cirurgias plásticas

negativas com funções comuns de transporte como albumina (Alb), transferrina (TRF), transtiretina (TRT), proteína ligadora do retinol (PLR), possuem concentrações diminuídas [25]. Concentrações reduzidas de albumina associada a PCR podem refletir desnutrição e o grau de catabolismo protéico, indicando risco de infecção ao paciente cirúrgico [26]. Portanto, o consumo de proteínas é de extrema importância para manter um balanço nitrogenado positivo, melhorando a cicatrização devido ao seu papel de formação de novos capilares, proliferação fibroblástica, síntese de proteoglicanos e de colágeno, remodelação da ferida, além de, diminuir o risco de infecção [9].

Outro nutriente essencial a ser fornecido na dieta do paciente cirúrgico são os lipídios, maior fonte de energia do organismo e necessários para a absorção de vitaminas lipossolúveis e carotenóides [23]. A deficiência de ácidos graxos livres atrapalha a cicatrização principalmente porque são os principais constituintes de membranas celulares, enquanto as prostaglandinas desempenham papéis críticos no metabolismo celular e inflamatório [6].

Com relação à Vitamina A (Retinol), a média de ingestão diária, da amostra era de 208,6mg/dia (DP±211,39mg/dia), portanto inadequada em relação ao RDA. A vitamina A é denominada como uma vitamina anti-infecciosa, auxiliando a cicatrização pela supressão de certas infecções e este efeito possivelmente mediado pelo timo. Encontra-se na literatura pacientes que sofreram lesão severa ou que estão sobre o risco de deficiência de vitamina A por má absorção que devam receber suprimentos diários (5000UI/dia) logo após o ferimento ou dentro de três a quatro dias [8].

A média de ingestão diária de vitamina C (Ácido Ascórbico) foi de 441,23mg/dia (DP±104,27mg/dia), inadequada em relação ao RDA. Em 1940, uma experiência foi realizada por um cirurgião, que oferecia aos seus pacientes uma dieta pobre em vitamina C no pós-operatório. Constatou-se que durante três meses de dieta pobre nesta vitamina a pele cicatrizava normalmente, porém em seis meses iniciaram-se sintomas de má cicatrização, devido à falta de substância intracelular, ou seja, colágeno [6].

Com relação ao cobre (Cu), a média de ingestão diária era de 0,72mcg/dia (DP ±0,35mcg/dia), inadequada com as recomendações das RDAs. O Cu é um elemento traço que juntamente com o ferro tem uma importância significante na prevenção da anemia ferropriva [27]. Está contido nos alimentos como leite, cuja concentração de cobre é de 0,14 ± 0,10mg/L [28], carne, queijo, ovo, marisco, café, vinho e em grande quantidade na coca-cola. As fontes de cobre no meio ambiente são resíduos industriais como os provenientes da queima de carvão e os domésticos como as panelas de cobre. Pode ser absorvido pela pele e mucosas de fontes como os braceletes de cobre ou ligas de próteses [29]. A importância biológica, funcional e estrutural do cobre esta relacionada com as funções metabólicas das enzimas cobre – dependentes, entre elas a Lisil oxidase, essencial para a ligação cruzada do colágeno e da elastina, necessário para a formação do tecido conjuntivo forte e flexível, como por exemplo, fortalecendo as cicatrizes. Sua deficiência leva a formação defeituosa do colágeno entre outras causas [30].

Quanto à ingestão diária média de zinco (Zn) na amostra estudada, era de 7,78mg/dia (DP±5,90mg/dia), inferior às recomendações das RDA. O Zn é um dos mais importantes elementos-traço à nutrição humana [31], componente essencial de mais de 300 metaloenzimas, que participam no metabolismo de carboidratos, proteínas e lipídios e na síntese e degradação de ácidos nucléicos [32]. A proliferação e a mitose celular, que são muito ativas durante a fase fibroblastica da cicatrização, são dependentes de quantidades adequadas de zinco [8]. Desempenha muitas funções em vários processos celulares como replicação, reparo, proliferação e apoptose [33]. A deficiência de zinco pode ter uma influencia adversa na cicatrização pela redução da disponibilidade da vitamina A, pois esta requer zinco em vários estágios, que também é fundamental para a síntese do colágeno [8].

A dosagem de ferro (Fe) da dieta era de 9,02mg/dia (DP±6,31mg/dia), portanto inferior aos limites máximos de ingestão de acordo com as RDAs. O Fe é o principal componente da hemoglobina, facilita o transporte de oxigênio e elétrons afetando todos os tecidos corporais. O oxigênio, o ferro, o ácido ascórbico atuam com co-fatores fundamentais para a formação de enzimas da fase de fibroplasia, a qual se caracteriza pela presença de colágeno, proteína insolúvel, sendo composto principalmente de glicina, prolina e hidroxiprolina. Portanto, suas deficiências levam ao retardo da cicatrização [8].

Com relação ao magnésio (Mg) a ingestão média na dieta era de 186,24mg/dia (DP±119,64mg/dia), adequado com as recomendações vigentes as RDAs. O Mg é essencial para todas as fases da cicatrização, pois influencia a ação de várias enzimas e sua deficiência pode ser precipitada, entre outras condições, no estresse pós-cirúrgico [8].

Embora haja concordância geral quanto às necessidades aumentadas de energia e proteína durante períodos de estresse fisiológico, as necessidades quantitativas de outros nutrientes essenciais não foram determinados. Ainda é bem reconhecido que vários nutrientes realizam papéis específicos no reparo da ferida operatória.

CONCLUSÃO

Conclui-se que uma cirurgia plástica com finalidade estética não passa de uma cirurgia como outra qualquer, envolvendo riscos inerentes a esse tipo de procedimento médico e que o estado nutricional do paciente cirúrgico está diretamente relacionado com o tempo de recuperação pós-operatória. Portanto, é fundamental realizar a avaliação nutricional obtida do paciente, no pré-operatório, a partir do inquérito alimentar, o exame físico, a antropometria e os exames bioquímicos a fim de minimizar os efeitos deletérios observados no trauma cirúrgico. A terapia nutricional adequada, incluindo a ingestão de proteínas, energia e de suplementos minerais e vitamínicos podem proporcionar uma recuperação mais rápida e completa, principalmente com a cicatrização da ferida operatória. Dessa forma, o diagnóstico nutricional do paciente cirúrgico e a melhor terapia nutricional devem ser alvo de mais estudos.

REFERÊNCIAS

1. Poli Neto P, Caponi SNC. The medicalization of beauty. Interface-comunic., Saúde Educ; v.11, n.23, 2007. P.569-84.

2. Tiggemann M. Media influences on body image development. In: Cash TF, Pruzinsky T. (ed.). Body Image: A handbook of Theory, Research & Clinical Practice. New York (NY): The Guilford Press, 2002, cap.11, p. 91-98.

3. Schneider AP. Nutrição estética. 1 ed. São Paulo: Atheneu, 2009. p.19.

4. American Society for Plastic Surgeons. ASPS, 2005. What is the difference between cosmetic and reconstructive surgery? Disponível em:http://www.plasticsurgery.org/FAC-What is the difference between-cosmetic-and-reconstructive surgery.cfm.Acesso em 13/09/2010.

5. Sizer FS, Whitney ES. Nutrição: conceitos e controvérsias. 8 ed. Barueri, SP: Manole, 2003, p.95.